Existe um lugar onde todas as escolhas são possiveis, existe um lugar onde seus sonhos são possiveis, e seus pesadelos, bem, eles sempre estaram ali pra te assombrar.
. O Ponto de Saída
Eu ainda me lembro, eram 17;15 quando a Olivia me ligou, dizia que precisava conversar urgentemente comigo, eu já esperava por isso. Mas eu atendi seu pedido, pedi que me encontrasse no nosso lugar de costume, a praça onde tudo havia começado.
Estranhamente eu ainda pensava que ela não iria dizer: “não da mais”.
Minha vida sempre fora uma confusão, um barulho, eu só queria saber em me drogar, beber e trepar. Não era uma vida saudável, mas pelo menos me acalmava, toda a minha fúria era silenciada por noitadas em claro, ao efeito da mais pura cocaína. Era tudo um infinito vazio, cheio de perguntas todas sem respostas.
Eram pouco mais de 18:30 o céu estava nublado, começando a escurecer, fazia frio, era um belo dia para um café ou um chocolate quente, mas eu estava ali, pra esperar que por aquilo que eu não queria escutar. Esperei pela Olivia dentro do carro, escutando algumas musicas do Mineral. Alguém batia no vidro, era ela, pedi que entrasse e se sentasse, acendi um cigarro e pedi que começasse a dizer o que ela queria.
Como um baque, finalmente escutei: “acabou”. Queria chorar, realmente queria chorar e pedir pra tentar continuar , mas meu orgulho, sempre me impedia disso. Deixei que saísse do carro, dessa vez pra nunca mais voltar. Esperei q ela virasse a esquina e fiquei com o carro parado olhando o nada e talvez o tudo.
Coloquei o som mais brutal que eu tinha, o sangue subia, juntamente com a raiva e o ódio que agora tinha dela. Se realmente Deus tinha um plano pra mim, esse plano não era um dos melhores. Quem era deus? Por quê ele nunca falou comigo?
Comecei a questioná-lo naquele momento, naquele momento eu tinha perdido todo o sentido da minha vida. Eu decidi, iria dar um fim naquilo tudo.
Depois de passar pelo transito caótico, finalmente cheguei em casa, estacionei o carro na garagem, tranquei cada porta da mesma, olhei no relógio, ele marcava 22:05, já era tarde, estava na hora de terminar aquilo.Me sentei no banco traseiro do carro com alguns produtos químicos, uma seringa e um bisturi. Pensava em como acabar com aquilo. Peguei o bisturi e comecei a cortar a minha perna, eu não morreria com aquilo, eu só queria ver como era meu sangue. Esperei começar a sangrar e molhei meu indicador com meu sangue, escrevi no vidro traseiro: “Mais tempo significa mais perguntas, quando eu só necessitava de respostas, uma vez livre, tudo será do meu jeito”. Talvez alguém entenderia, ou não. Fiz uma mistura com os produtos e coloquei na seringa, eram 22:18 quando injetei aquilo na minha veia, deitei no banco como se fosse dormir, eu tinha sono, tudo começava a escurecer. Peguei o expresso CO2 direto pro céu.