sexta-feira, 31 de julho de 2009

O funeral do coelho branco.


“ Seus olhos, como eram belos, eram como flechas que me atravessavam, mas no inicio pouco importavam se me feriam, eu sofria em silencio.

E lentamente eu fui perdendo o direito de viver, de ser livre. Aos poucos você ia ser tornando meu vicio, minha droga. E por ser tão independente, séria, silenciosa você me despertava mais, cada vez mais, despertava meus sentimentos, minha curiosidade e com isso veio minha sentença.

Você se tornava mais feliz, mais sorridente e perdia sua timidez e seriedade, enquanto eu aos poucos ia morrendo, desistindo e sendo destruído por dentro, mas como tudo na vida, isso aconteceu no silencio, um verdadeiro assassinato lento e silencioso.

Dizia pra mim mesmo que não iria mais te ver, não iria sofrer, mas sempre voltava atrás, e isso me levou a medidas que desavisado e sádicos diriam que eram extremas demais ou impensadas. Pra mim, você não mais.

Um dia você aprendera o valor que eu tinha, eu serei seu exemplo, o semblante da derrota.”


Felix 17 anos, 14/11/98

Perfuração no estomago

terça-feira, 28 de julho de 2009

Cartas aos rebeldes que falharam.

Seguido de uma historia dentro da historia.


- “Eu deveria já ter dito tudo isso quando ainda tinha tempo, quando lutar pra te esquecer não fosse mais forte que meu vicio por você, já deveria ter repensado minhas atitudes infantis e mesquinhas, deixando de lado esse orgulho bobo, e te pedido desculpas por tudo que eu causei.
Mas preferi ver tudo de um camarote suspenso, eu preferi assistir nós dois se destruindo aos poucos, num verdadeiro circo dos horrores me mantendo calado, mas nunca me mantinha realmente em silencio, eu sempre te atacava e levava como um jogo, e foi por isso, por esse peso de culpa que eu fiz o que eu fiz. Mas gora, convenhamos, é tarde pra dizer que eu realmente te amava, e sentia sua falta.
Eu fracassei.”
-R. 31/05/94, um tiro no tímpano

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Minha ruela silenciosa.

Existe um lugar onde todas as escolhas são possiveis, existe um lugar onde seus sonhos são possiveis, e seus pesadelos, bem, eles sempre estaram ali pra te assombrar.

. O Ponto de Saída 

  Eu ainda me lembro, eram 17;15 quando a Olivia me ligou, dizia que precisava conversar urgentemente comigo, eu já esperava por isso. Mas eu atendi seu pedido, pedi que me encontrasse no nosso lugar de costume, a praça onde tudo havia começado.
 Estranhamente eu ainda pensava que ela não iria dizer: “não da mais”. 
  Minha vida sempre fora uma confusão, um barulho, eu só queria saber em me drogar, beber e trepar. Não era uma vida saudável, mas pelo menos me acalmava, toda a minha fúria era silenciada por noitadas em claro, ao efeito da mais pura cocaína. Era tudo um infinito vazio, cheio de perguntas todas sem respostas.
  Eram pouco mais de 18:30 o céu estava nublado, começando a escurecer, fazia frio, era um belo dia para um café ou um chocolate quente, mas eu estava ali, pra esperar que por aquilo que eu não queria escutar. Esperei pela Olivia dentro do carro, escutando algumas musicas do Mineral. Alguém batia no vidro, era ela, pedi que entrasse e se sentasse, acendi um cigarro e pedi que começasse a dizer o que ela queria.
  Como um baque, finalmente escutei: “acabou”. Queria chorar, realmente queria chorar e pedir pra tentar continuar , mas meu orgulho, sempre me impedia disso. Deixei que saísse do carro, dessa vez pra nunca mais voltar. Esperei q ela virasse a esquina e fiquei com o carro parado olhando o nada e talvez o tudo.
  Coloquei o som mais brutal que eu tinha, o sangue subia, juntamente com a raiva e o ódio que agora tinha dela. Se realmente Deus tinha um plano pra mim, esse plano não era um dos melhores. Quem era deus? Por quê ele nunca falou comigo?  
  Comecei a questioná-lo naquele momento, naquele momento eu tinha perdido todo o sentido da minha vida. Eu decidi, iria dar um fim naquilo tudo.
  Depois de passar pelo transito caótico, finalmente cheguei em casa, estacionei o carro na garagem, tranquei cada porta da mesma, olhei no relógio, ele marcava 22:05, já era tarde, estava na hora de terminar aquilo.Me sentei no banco traseiro do carro com alguns produtos químicos, uma seringa e um bisturi. Pensava em como acabar com aquilo. Peguei o bisturi e comecei a cortar a minha perna, eu não morreria com aquilo, eu só queria ver como era meu sangue. Esperei começar a sangrar e molhei meu indicador com meu sangue, escrevi no vidro traseiro: “Mais tempo significa mais perguntas, quando eu só necessitava de respostas, uma vez livre, tudo será do meu jeito”. Talvez alguém entenderia, ou não. Fiz uma mistura com os produtos e coloquei na seringa, eram 22:18 quando injetei aquilo na minha veia, deitei no banco como se fosse dormir, eu tinha sono, tudo começava a escurecer. Peguei o expresso CO2 direto pro céu.


segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um furacão.

. 3 segundos antes da queda

   
  Minha ultima noite foi uma loucura, estava em uma festa de carnaval na casa de um amigo em Sete Lagoas. Muita bebida, drogas que eu quisesse , mulheres, enfim uma loucura só e lá eu conheci uma menina, uma tal de Helena ou Helen, estava muito bêbado pra lembrar seu nome, conversa vai e conversa vem acabamos por ficar. Estávamos ficando e o clima foi esquentando, então ela sugeriu que fossemos pro jardim ou então pra cachoeira, um lugar mais calmo. Decidimos ir pra cachoeira.
  Chegamos lá, mau dava pra ver um palmo a sua frente! Começamos de novo a ficar e por fim transamos, depois de tudo eu pensei na burrada que eu fiz, a minha namorada a essa hora devia estar louca atrás de mim, então pedi pra que a menina fosse embora, eu precisava ficar sozinho, ela disse que tudo e mais tarde nos veríamos, fiquei ali parado, e um vento gelado que estremeceu todo meu corpo bateu, decidi ir embora, quando estava a caminhar de cabeça baixa, me encontrei com a ela, algo ruim estava entre nós dois. Perguntei o que era, ela me disse que tinha visto tudo que tinha rolado com a menina, meu coração parou por alguns segundos, já era, tinha feito não dava pra voltar atrás. 
  Eu nem mesmo sabia o que dizer naquele momento, permaneci calado enquanto ela me agredia verbalmente, ao mesmo tempo começamos a chorar, se ao menos eu pudesse fazer algo, mas não, quanto mais eu tentava acalmá-la mais ela gritava, até que ela me disse coisas que eu não merecia ter escutado, eu virei e segui de novo pra cachoeira, pro alto dela, e ela continuava gritando, me xingando e no fim me arremessou uma pedra, aquilo me deixou ainda mais triste, mas eu ainda era o errado da historia, não tinha mais volta.
  Cheguei no topo da cachoeira e olhei pra baixo, a queda parecia ser imensa. Acendi um cigarro e refleti um pouco, o que deu tempo pra ela me alcançar, e novamente começou a berrar, mas eu não escutava sua voz, apenas o barulho do vento. Escutei apenas ela gritando: “já que esta ai porque não pula, seria um favor que você me faria”. Ninguém sabe o quanto doeu isso, eu já não tinha nada a perder mesmo, dei um passo a frente e comecei a cair, eu sentia tanto frio, eu queria cair logo, morrer se possível, lagrima jorravam de meus olhos. Então cai de cabeça em uma rocha pontuda, ouvi o estralo do meu pescoço e meu crânio se partindo no meio. Tudo escureceu e não passou um filme da minha vida, só dor e sofrimento vieram na minha cabeça, nos 3 últimos segundos da minha vida, os 3 segundos antes da queda.